Hoje acordei pensando em Bauldelaire e procurei incansavelmente na internet um poema que refletisse o que estou sentindo no dia de hoje. Custei a achar um que me agradasse. Navegando por mares nunca navegados, dei de cara com o blog de um "coleguinha", muito conhecido do público brasileiro, o jornalista Jorge Pontual. Além de correspondente em Nova York, ele é um estudioso de Charles Baudelaire e já traduziu vários poemas, não só dele como de outros nomes da literatura. Edgar Alan Poe, Ian McEwan, Shakespeare, entre outros nomes consagrados estão lá, em prosa e verso.Dentre tantos poemas lindos, o que me tocou especialmente, pelo dia de hoje, é da poetisa Elizabeth Bishop, que por muitos anos morou na cidade em que moro atualmente: Petrópolis.
Uma arte
A arte da perda é fácil ter;
por tanta coisa cheia de intenção
de ser perdida não dá pra sofrer.
Perca algo todo dia. Perder
chaves aceite, junto com a aflição.
A arte da perda é fácil ter.
Treine perder muito sem se deter:
lugares, e nomes, a comichão
de viajar. Nada fará sofrer.
Perdi jóias da mamãe. E dizer
que perdi casas que amei de paixão.
A arte da perda é fácil ter.
Perdi duas cidades. E o prazer
de um continente na palma da mão.
Sinto falta mas não dá pra sofrer.
- Até perder você (a voz, o ser
que eu amo) não devia mentir. Não,
a arte da perda se pode ter
embora pareça (diga!) sofrer.
Tradução, Jorge Pontual
Um comentário:
O Blog do Jorge é bem legal, fazia tempo que eu não passava lá. E esse poema é lindo.
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