segunda-feira, 6 de agosto de 2007

O prazer de escrever

Engraçado como as idéias para escrever neste blog surgem do nada e vão brotando, crescendo, evoluindo até chegarem aqui. Confesso que, muitas vezes, sento no computador ainda sem nada definido para escrever e em outras vezes, a idéia já está lá, no cantinho do pensamento esperando apenas ser pinçada.
Sou jornalista e me habituei a escrever por "encomenda"... mas tem horas que a gente fica cansada de se submeter a um editor, que dita as suas preferências e vontades. Trabalhei em jornais e sei bem do que estou falando. É pressão por todos os lados. Existe a corrida contra o tempo para preparar as matérias...a competição interna entre os coleguinhas (algumas veladas, outras escancaradas), a concorrência com os demais jornais, os interesses dos editores e diretores e a opinião dos leitores, que direciona o conteúdo das mensagens.

Resumindo, é correria por todos os cantos, informação por todos os lados e adrenalina dia e noite. O fechamento de um jornal é o clímax da Redação. Muitas editoriais vão fechando mais cedo para que o jornal já comece a ser impresso, sem atropelos. As seções Cidade, Geral, Esportes, são as últimas a fechar, a fim de que nenhuma notícia de última hora fique prejudicada. É claro que tem casos em que é preciso parar a impressão de todo o jornal para entrar uma matéria quente.

Adorava fazer parte deste mundinho quando era solteira e descompromissada. Vivia em eterna ebulição. Nenhum dia era igual a outro. E a noite quase sempre era muito intensa. Tinham dois turnos: os da manhã e os da tarde. Quem ficava para a tarde, só saía do jornal depois de 22h, quando tinha sorte! Cansei de chegar em casa depois das 23h...e o que é pior, muitas vezes tinha que encontrar meios para relaxar e desligar a cabeça, porque a mente continuava trabalhando. Sabe como é... Você já saiu do trabalho, mas continua ligada nos fatos do dia, no texto que escreveu, na vírgula que esqueceu, na matéria de domingo, etc...
Acabava indo para cozinha preparar um lanche, por que não dava mais tempo para digerir jantar nenhum, via filmes na TV (sessão corujão) e ainda conseguia arrumar a casa (que sempre ficava uma zona) antes de dormir.

A situação começou a piorar quando casei. Putz!!! Ficava contando os minutos no relógio para poder voltar para casa. Era terrível saber que meu marido estava me esperando para jantar e eu ali, ainda no meio de uma matéria, que o editor pediu para aumentar por que um anunciante desistiu da página. Foram muitos aniversários de mãe, sobrinhos e amigos que desisti de ir porque estava de plantão no domingo. Natal e Ano Novo então a gente já sabia... tinha que escolher em qual deles trabalhar. A gente não ficava no jornal até meia-noite, não. Saía um pouco antes. Mas o problema é que até chegar em casa, os fogos já tinham estourado pelo caminho.
Valeu a pena deixar de trabalhar. Atualmente estou muito bem resolvida assim. Eles lá e eu aqui, no meu blog pessoal.
Neste espaço, que é só meu, posso transformar dor em alegria, tristeza em felicidade. Não preciso escrever quando não estou a fim, nem quando não tenho inspiração. Escrevo pelo prazer de escrever. Mas admito uma coisa. Não sei quem são meus leitores, nem seus interesses. Mas resolvi desencanar...
Quem chega até aqui é porque quis de alguma forma me conhecer ou ler o que escrevi. E isso já basta. Até mais!

2 comentários:

Labelle® Paz disse...

Volta e meia eu me questiono se realmente vale à pena enfrentar o estresse diário no trabalho ou curtir a vida de casada plenamente.

Sou apaixonada pelo que faço e sempre batalhei pela minha carreira. Mas dá um apertinho no peito ter que abrir mão de um monte de coisas para continuar trabalhando e batalhando diariamente.......

Gostei muito do seu texto!

Antonio Da Vida disse...

Entrei aqui por acaso, e gostei do que li. Vou tentar te acompanhar... :-)
XXX/Antonio